Uma dúvida frequente das gestantes no terceiro trimestre e com relação ao bebê estar ou não encaixado ou se está na posição cefálica, a ideal para o nascimento em parto normal.
Na figura A a apresentação é cefálica, pois a cabeça irá nascer primeiro. Na figura B a apresentação é pélvica, pois as nádegas irão nascer primeiro. A apresentação na figura C é chamada de córmica (quando o feto está atravessado e neste caso ele não passa normalmente pela bacia materna).
Em um estudo realizado por pesquisadores do Centro Médico Hospitalar Sueco em Seattle, nos Estados Unidos, apontam que entre 96% e 97% dos bebês ficam de cabeça para baixo até o parto, mas de 3% a 4% permanecem sentados ou, o que é ainda mais raro, deitados.
A explicação dos especialistas para a predominância da posição cefálica está relacionada ao formato do útero, que parece uma pera invertida. Conforme o espaço vai diminuindo, os bebês procuram maneiras de ficar mais confortáveis ali dentro, o que significa deixar a área maior e mais móvel, formada pelo bumbum e pelas pernas, para cima, e a cabeça, que é mais densa, para baixo.
Porque alguns bebês não viram?
Por que, então, alguns bebês não viram? Muitas vezes, não se trata de uma simples divergência em relação ao que é conforto, mas algo que os impede de fazer o movimento mais natural.
Algumas das causas possíveis são más-formações fetais ou uterinas, cordão umbilical curto, que restringe o movimento, ou excesso de líquido amniótico, o que pode fazer com que o bebê se movimente muito dentro do útero sem se acomodar. Porém, há casos que a medicina simplemente ainda não consegue explicar.
Spinning Babies
Spinning Babies (em tradução livre, bebês girando). Criado pela norte-americana Gail Tully, o método combina uma série de exercícios baseados em três pilares: equilíbrio, gravidade e movimento.
Estes exercícios usam a gravidade e promovem o alongamento dos ligamentos pélvicos, favorecendo a rotação do bebê, ajudando-o a ficar de cabeça para baixo.
Isso aumenta as chances da realização de um parto normal e, além disso, diminui o risco de complicações.
Confira os exercícios que as grávidas podem fazer a partir de 32 semanas, com o conhecimento do obstetra.
Como se preparar para os exercícios
Antes de fazer os exercícios é importante que a gestante:
• Esteja de estômago vazio, evitando azia ou enjoo.
• Converse com o bebê para garantir que ele está acordado.
• Esteja usando roupa confortável.
• Esteja acompanhada para que os exercícios sejam feitos corretamente e em segurança.
Além disso, estes exercícios devem ser feitos todos os dias até o bebê ficar de cabeça para baixo, posição que pode ser verificada no ultrassonografia. No entanto, é comum a gestante sentir o bebê virar durante ou depois dos exercícios.
Exercício 1 – Elevação vc de quadril e pernas
Deite no chão com as pernas estendidas para cima e eleve o quadril até a altura máxima que conseguir. Se necessário, coloque uma almofada por baixo das costas para ajudar a manter o quadril elevado. Fique nesta posição por cerca de 5 a 10 minutos, 3 vezes por dia.
Exercício 2 – “Inversão inclinada para a frente”
A mulher fica de joelhos em uma poltrona ou sofá e se apoia com os antebraços no chão, deixando a cabeça relaxada.
Deve-se ficar nesta posição durante 5 minutos durante a primeira semana, aumentando nas seguintes até chegar aos 15 minutos, e repetir o exercício 3 vezes por dia.
Exercício 3- “Andar do Macaco”
É-se exercício consiste em caminhar na posição quadrúpede, mantendo sempre o quadril mais alto que a cabeça. Pode-se fazer 3 a 4 x por dia por 5 min, ou até tolerar.
Acupuntura
Outra opção ao alcance das mães é a acupuntura, que a mais de 700 anos tem técnicas de indução e de “virar” o bebê. A Moxabustão, uma técnica de acupuntura feita com uma combustão de ervas, é realizada com um bastão quente com plantas específicas próximo do dedinho do pé da gestante, ponto relacionado ao útero.
Para testar a eficiência da prática, pesquisadores da Universidade de Módena, na Itália, fizeram um estudo com 226 grávidas com bebês pélvicos, em que 114 não adotaram nenhum método e 112 aderiram ao tratamento da medicina chinesa.
No primeiro grupo, a taxa de versão cefálica foi de 36,7% e no segundo, de 53,7%.
O estudo comprovou que o calor provocado pelo bastão chega até o útero e deixa o bebê mais ativo e propenso a virar.
Como saber se o bebê encaixou?
Isto acontece quando a cabeça do bebê começa a descer na orla pélvica, em preparação para o parto e ocorre por volta da 37ª semana de gravidez.
Para saber se o bebê encaixou, a mamãe pode ir ao médico para um exame rápido. Além disso, é possível notar algumas diferenças: a barriga fica mais baixa e, como existe mais espaço para os pulmões se expandirem, a gestante respira melhor. Entretanto, a pressão na bexiga pode aumentar, fazendo com que a mamãe tenha vontade de urinar com mais frequência.
E se o bebê não virar até às 37 semanas de gravidez?
Se mesmo ao realizar estes exercícios e a acupuntura o bebê não virar sozinho, o médico pode optar por fazer uma versão cefálica externa (VCE) que consiste em virar o bebê através de manobras específicas na barriga da gestante.
A taxa de sucesso do procedimento, de acordo com uma pesquisa feita na Malásia com 142 mulheres, é de 51,4%.
A VCE é indicada pela Organização Mundial da Saúde e leva poucos minutos.
Essa manobra pode ser realizada a partir da 36ª semana em gestantes que não tenham contraindicações para o parto normal, como placenta prévia, líquido amniótico muito abaixo do normal, entre outros fatores.
Neste caso, o médico administra pela veia um remédio para evitar as contrações e usa esta técnica para que o bebê dê uma cambalhota dentro do útero, ficando de cabeça para baixo:
No entanto, a posição sentada do bebê não contraindica totalmente o parto normal, e com a ajuda devida, a mulher pode conseguir dar a luz ao bebê nesta posição.
Fontes: Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)
Spinning Babies (Gail Tully)