Efeitos do Exercício físico na Diabetes Gestacional na gestante e no feto

Definição

Primeiramente vamos definir o que é a Diabetes Gestacional (DMG):

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, a Diabetes mellitus gestacional (DMG) é a intolerância aos carboidratos diagnosticada pela primeira vez durante a gestação e que pode ou não persistir após o parto. É o problema metabólico mais comum na gestação e tem prevalência entre 3% e 25% das gestações, dependendo do grupo étnico, da população e do critério diagnóstico utilizado. Muitas vezes representa o aparecimento do dia- betes mellitus tipo 2 (DM2) durante a gravidez. A incidência de DMG está aumentando em paralelo com o aumento do DM2. 

E os fatores de risco são:

  • Idade de 35 anos ou mais
  • Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual
  • Deposição central excessiva de gordura corporal
  • História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau
  • Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual
  • Antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG
  • Síndrome de ovários policísticos
  • Baixa estatura (menos de 1,5m)

A gravidez por si só, já é uma condição de resistência a insulina, e isso ocorre justamente para que o feto receba prioritariamente essa fonte energética. Com isso a mãe utiliza outras fontes energéticas, como os Ácidos graxos Livres.

O pico de aumento da resistência à insulina é no fim do segundo trimestre, e no final da gestação (37 a 42 semanas) essa resistência chega a 80%.

Riscos da DMG na mãe

  • Aumento de chance de pré-eclâmpsia
  • Aumento de chance de parto cesariana (devido a macrossomia)
  • Aumento de risco de infecção
  • Aumento do risco de desenvolver diabetes tipo 2 após a gestação

Risco da DMG no feto

  • Macrossomia
  • Normalmente não ultrapassa 38 semanas (mesmo com DMG controlada)
  • Prematuridade
  • Imaturidade pulmonar (em média, 1 semana a menos de desenvolvimento pulmonar)
  • Polidramnia (aumento do líquido amniótico), causando uma extensão do ‘ter e com isso estimula o trabalho de parto prematuro
  • Risco de desenvolver obesidade e síndrome metabólica na vida adulta

Como será o diagnóstico médico?

Para se diagnosticar a DMG a médica dessa gestante vai pedir um exame até a vigésima semana, o de glicemia em jejum. Se o resultado for até 92 mg/dL está normal. De 92 a 126 ml/dL o diagnóstico será de DMG. Acima disso, essa gestante já tinha uma diabetes pregressa. A partir daí, será indicado para essa gestante uma orientação profissional de uma nutricionista e do profissional de educação física. As duas áreas terão papel fundamental neste tratamento.

Depois de 15 dias com a prescrição dietética e o exercício físico, essa gestante será reavaliada com novo exame de glicemia para saber a necessidade de insulina ou não. Os limites agora serão:

  • Até 95 mg/dL em jejum
  • Faz um lanche e mede novamente, limite de 140 mg/dL
  • 2h depois tem que estar até 120 mg/dL

Qualquer parâmetro desses alterado, indicação de insulina.

Papel da atividade física na prevenção e tratamento da DMG

Na verdade, o exercício físico já deve estar inserido desde o início da gestação, ou melhor, desde o momento em que a mulher começar a pensar em engravidar. O papel do profissional de educação física será na prevenção, primeiramente. Caso seja diagnosticada a DMG, vamos atuar também no tratamento junto com a prescrição dietética orientada pelo nutricionista. A atuação multiprofissional será fundamental para o sucesso do tratamento.

Como isso acontece?

O exercício físico regular é capaz de aumentar a expressão de um receptor chamado GLUT4 nas células dos nossos músculos, responsável por “puxar” a glicose do sangue para dentro das células. Com mais GLUT4, a insulina, que antes funcionava mal, passa a funcionar melhor, e a glicose baixa no sangue. A atividade física promove maior capilarização das fibras musculares e melhor função mitocondrial, melhorando a sensibilidade dos tecidos à insulina. Além do benefício sobre a glicose, os exercícios físicos são capazes de reduzir o peso e a gordura abdominal, melhorar os níveis de colesterol, além de ajudar a baixar a pressão arterial. Todos estes são conhecidos como fatores de risco para doenças cardíacas e vasculares, como infarto e isquemias. Logo, conforme diferentes estudos sugerem, a atividade física regular é capaz de reduzir a chance de problemas no coração e nos vasos das pessoas diabéticas, gestantes ou não gestantes.

Tipos de exercícios ideais na prevenção e tratamento da DMG

Estudo publicado no Journal of Medicine Science in Sports (2018) verificou os efeitos do treinamento concorrente (aeróbico e musculação) em mulheres com diabetes gestacional. Os resultados mostraram que não houve quaisquer efeitos negativos na prática dos exercícios físicos, tanto para a grávida ou para o bebê. Pelo contrário, ocorreu diminuição dos níveis de açúcar no sangue das grávidas com diabetes.

Exercícios aeróbicos envolvendo grandes grupos musculares, como, por exemplo, caminhada, ciclismo (para gestantes, bicicleta ergométrica), natação, dança, entre outros, podem ser prescritos de forma constante/contínua (a mesma intensidade) ou intervalada (alternando diferentes intensidades de exercício), assim como exercícios de força além de exercícios de alongamento. Inclusive, o treinamento intervalado seria o mais indicado para todas as gestantes, pois é o que mais se assemelha ao trabalho de parto, ou seja, o ritmo das contrações são alternadas (contrações fortes, seguidas de relaxamento).

As ultimas recomendações da ACOG para atividade física na gestação

  • Exercícios de intensidade moderada por pelo menos 20-30 min por dia.
  • Atenção a hidratação
  • Sedentárias devem aumentar a intensidade dos exercícios gradativamente
  • Exercícios de até 45 min para evitar risco de hipoglicemia. Caso use insulina, verificar a glicemia sempre antes dos exercícios.
  • Supervisão dos exercícios de profissional especializado
  • Exercícios podem ser feitos até o final da gestação, até a gestante tolerar
  • Preferência para treinos em ambientes climatizados por conta do risco de hipertermia
  • Mulheres que realizavam atividade física moderada e de alta intensidade antes da gravidez, podem mantê-la na gestação e pós-parto

Respostas fetais ao exercício materno

  • Aumento da FC fetal em 10-30 bpm e retornam aos níveis basais aproximadamente 5 min após o término dos exercícios aeróbicos moderados sem ocorrer sofrimento fetal
  • Diminui o risco de macrossomia (bebês acima de 4 kg)
  • Exercícios de alta intensidade (75-80% FCMax) até o terceiro trimestre, por até 30 min, são bem toleradas por mais ativas, inativas e pelo feto.

Importância da atividade física no pós-parto

Depois do parto, a gestante deve ser reavaliada dentro de 6 semanas e a atividade física será fundamental para preocaução do risco de diabetes tipo 2.

Thatiane Leite fez aulas online com prof. André Lima durante sua gestação com DMG, teve um parto normal e ela e a Júlia estão super bem. Thatiane já iniciou sua atividade física pós-parto

Resumindo: A gestante era ativa? Continue Era sedentária? Comece gradativamente Atividades domésticas devem ser estimuladas! a cada 1h parada, ande 10 min pela casa. LEMBRE: Escute sempre seu corpo: sentiu-se desconfortável, PARE!

Agende já sua aula presencial ou online clicando aqui

André Lima @programagravidezativa

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